As primeiras a cair foram as jabuticabeiras
"Se não queres perder-te no esquecimento logo ao morrer, ou escreve coisas dignas de ler-se ou faze coisas dignas de escrever-se".(Benjamin Franklin)
Prezados Senhores,
Este mês tivemos uma experiência na vizinhança do Projeto Âncora que nos deixou perplexos.Uma chácara de uns 4 mil m2 foi vendida e soubemos que nela será feito mais um condomínio.
Esta chácara estava há anos abandonada, crianças pulavam os muros para colher jabuticaba, pinha, caqui.
Uma piscina fez a alegria da garotada durante um tempo. Depois começou a preocupar por causa da dengue. Avisamos a Vigilância Sanitária do município que autuou o proprietário, mas a piscina continuou lá sem cuidado.
Pulamos o muro, tiramos foto, colhemos água, mobilizamos a vizinhança, até que tomaram providência.No sábado, dia 5 de abril uma moto serra começou a cortar as árvores, as primeiras a cair foram as jabuticabeiras.
Nosso medo era que chegasse a vez das araucárias e paus-ferro.
Falamos com o vizinho que chamaríamos a polícia e ele parou, para recomeçar cautelosamente nos dias seguintes.
Ligamos para a Polícia Florestal que deixou claro que não poderia atender a denúncia porque só tem duas viaturas para 7 municípios.Recorremos a todo mundo: jornais locais, Ibama, Greenpeace, Secretaria do Meio Ambiente, Policia Militar e para a própria Florestal ligamos todos os dias cobrando resultado da denúncia.Nada.Não conseguimos nada.
O sentimento é de que estamos ao Deus dará, com o Estado ausente, cada um fazendo o que bem entende.Ficamos muito desanimados e ampliamos nossa preocupação para o imenso território brasileiro.
Como poderemos salvar a Amazônia do desmatamento se não conseguimos salvar sequer uma árvore no nosso vizinho?Qual a saída? Como fica nosso papel de educador de alimentar a esperança junto às crianças e jovens? E que aprendizado tirar dessa experiência?
Temos algumas pistas de ação que ainda estamos tratando de avaliar. Uma delas é a de plantar com nossas crianças o triplo de mudas das mesmas árvores derrubadas em algum local do bairro.
A outra é organizar uma comissão de adolescentes e jovens que estudem essas questões e que pensem em ações para conscientização dos moradores do bairro.Mas o mais importante é não deixar que ações desse tipo caiam no lugar comum.
A indignação é o primeiro sentimento e que nunca devemos deixar morrer. Se não nos indignarmos diante da destruição da vida, estaremos sendo coniventes com quem está cometendo o crime.
Partilhamos essa experiência para alimentar a indignação.
Atenciosamente,
Walter Steurer
Projeto Âncora
11-4612-9966
ancora@projetoancora.org.brwww.projetoancora.org.br
Um comentário:
É realmente lamentável...e mais ainda é saber que isso ocorre a cada minuto...os condomínios ao longo da raposo tavares é um despropósito, arrancam todas as árvores. Aquele monte de arauc´´aria na entrada do Taboão foram retiradas por conta dos prédios que se acumulam...não deixam árvores nem pra sombra de carro, que esses senhores costumam valorizar tanto...e as casas com seus inúmeros banheiros e torneiras jorram esgotos nos rios, sem o menor pudor...lamentável...
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